As novas regras da Maximafilia

       Introdução

       Conforme colocado desde a primeira emissão desta homepage, ela tem como objetivo primordial levar ao conhecimento daqueles que se interessam por filatelia - mas ainda com pouca experiência no assunto - noticias, novidades e orientações sobre como colecionar selos e outras peças filatélicas.

       Evidente que para o filatelista experiente, com material de alta qualidade, e que se dedica primordialmente a montar coleções para expor em mostras competitivas, muito do que é tratado nestas páginas poderá ser considerado como primário, incipiente e, em alguns casos, até entendido como atentado às boas normas da filatelia oficial.

       Isso em parte é verdade, pois o que procuramos demonstrar é que o “hobby” de colecionar selos nos pode trazer muitas alegrias, mesmo sem que todas essas inúmeras regras sejam cumpridas. Contudo, procuramos sempre destacar que algumas das peças ou coleções que mostramos não estão totalmente de acordo com os preceitos que regem o entendimento do que é uma “boa” ou “correta” peça filatélica.

       Algumas peças que para o colecionador são bonitas, atraentes e chamam a atenção são, na visão de um jurado de coleções temáticas, por exemplo, consideradas pouco válidas ou até inapropriadas para ilustrarem determinado ponto da temática da coleção. É emblemático o caso dos envelopes comemorativos de primeiro dia de circulação, os chamados FDC`s (First Day Covers) que, embora normalmente sejam peças bonitas com cachets ilustrativos daquele ponto que pretendemos evidenciar, são bastante criticados.

       Outro exemplo de uma peça filatélica que também tem seu uso criticado nas coleções temáticas, a não ser em reduzidíssima quantidade, é o máximo postal. Na área da maximafilia essa restrição não existe, até porque quem monta uma coleção de máximos postais, só pode usar esse tipo de peça filatélica. Mas aí, surge a necessidade de que essas peças tenham sido montadas com obediência a uma série de regras e normas estabelecidas em regulamentos emitidos pelas autoridades competentes.

       Somos de opinião que isso é válido quando se pretende montar uma coleção para competição. Contudo, para deleite pessoal ou para apresentação em mostras não competitivas, essas normas podem ser observadas com um grau razoável de flexibilidade.

       Esta opinião pessoal não invalida o reconhecimento de ser necessário que o filatelista tenha consciência dessas regras, para saber se uma peça cumpre todos os requisitos necessários para ser considerada adequada para uso em coleções competitivas. Cabe-lhe decidir se vai ou não atender essas regras, no caso de mostras não competitivas.

       Recentemente a Sociedade Philatélica Paulista publicou em seu Boletim Informativo (Nº 204, de abril de 2009) um esclarecedor artigo do filatelista Agnaldo de Souza Gabriel, intitulado “Por dentro das novas regras da Maximafilia”. A SPP deixa claro em seu Boletim que “É permitida a transcrição dos artigos, desde que citada a fonte”.

       Após lermos o referido artigo, tomamos a liberdade de solicitar ao autor sua concordância para transcrevê-lo nesta homepage, por entendermos que o assunto foi tratado de um modo extremamente claro e esclarecedor, sendo, portanto, de grande utilidade para todos os filatelistas que se dedicam a, ou se interessam por, esta classe da filatelia.

João Alberto Correia da Silva

       

Por dentro das novas regras da Maximafilia

por Agnaldo de Souza Gabriel

       Um máximo postal é uma peça filatélica formada por 3 elementos em plena concordância: selo, cartão-postal e carimbo. E ao colecionismo de máximos postais chamamos de Maximafilia.

       A Maximafilia é uma classe da filatelia reconhecida pela Federação Internacional de Filatelia (FIP) e tem suas regras próprias, que são válidas em todos os países associados à FIP. Isto permite ao colecionador ter sua coleção avaliada dentro dos mesmos critérios numa exposição. As atualizações de suas regras são realizadas durante as reuniões da Conferência do Comitê de Maximafilia da FIP.

       Os atuais "Regulamento Especial para a Avaliação de Participações (SREV) de Maximafilia" e "Diretrizes para Avaliação das Participações de Maximafilia em Exposições FIP (Guidelines)" foram aprovados pela Conferência da Comissão de Maximafilia da FIP ocorrida em Málaga, na Espanha, em 12 de outubro de 2006 e aprovadas pelo Bureau da FIP em Luxemburgo, no dia 3 de março de 2007, em substituição ao regulamento e diretrizes aprovados em Singapura, em 10 de setembro de 2004.

       As novas regras foram tema da apresentação "The Beautiful World of Maximaphily" (O Maravilhoso Mundo da Maximafilia) feita por Nicos Rangos, presidente da Comissão de Maximafilia da FIP em Bucareste, na Romênia, durante a Conferência da mesma em 26 de junho de 2008, na qual o Brasil esteve presente, representado pelo amigo e grande filatelista Klerman W. Lopes. Abaixo, em forma de perguntas e respostas, trago um guia para melhor entender as algumas regras desta que é a única classe filatélica que permite ao colecionador confeccionar suas próprias peças!

       O que deve aparecer no cartão-postal para ele servir de suporte ao máximo postal?

       Foi enfatizada a importância da concordância visual de motivo entre o selo e o cartão-postal e mantida a proibição a cartões-postais que reproduzem a imagem do selo. Não há mais o limite mínimo de 75% do tamanho do postal para a área da ilustração

       De acordo com o artigo 3.2 do SREV, a ilustração do postal deve oferecer a melhor concordância possível com o motivo do selo postal, ou um dos motivos, caso existam muitos. A ilustração precisa enfatizar o motivo do selo postal. Os cartões-postais existentes no mercado são aceitos tal como são. Eles podem ter margens e um texto diretamente conectado com o motivo. Cartões-postais antigos podem ter no anverso (frente) uma área para correspondência. Com exceção destes cartões-postais antigos, quanto maior a imagem da ilustração, melhor a qualidade do máximo postal a ser considerado. Postais com múltiplas figuras e hologramas são proibidos.

       Há um tamanho pré-definido para o cartão-postal?

       Não mais! Agora são plenamente aceitos cartões-postais com dimensões maiores do que 10,5 x 14,8 cm e também em formatos quadrados.

       Ainda conforme o artigo 3.2 do SREV, o tamanho do cartão-postal tem que ser conforme as dimensões aceitas pela Convenção Postal Universal. Entretanto, cartões-postais de formato quadrados ou retangulares disponíveis no mercado são aceitos, desde que seu tamanho permita que se tenha, numa folha de tamanho A4 (21,0 x 29,7 cm), pelo menos DOIS máximos por página. Em respeito ao seu designer, é estritamente proibido redimensionar um cartão-postal cortando-o.

       Quantos selos pode haver num máximo postal?

       Apenas UM. Mas há 2 exceções, sendo uma para máximos feitos antes de 1978 (e não mais 1974, como era antes) e outra para os se-tenant. Segundo o artigo 3.1 das Diretrizes para Avaliação das Exibições de Maximafilia, somente um selo postal deve ser afixado no anverso do cartão-postal (lado ilustrado do cartão-postal).

       Antes de 1978, quando o "Estatuto Internacional da Maximafilia" foi aprovado, os máximos postais com mais de um selo são tolerados, desde que um ou mais dos selos tenha concordância com a figura do cartão-postal.

       Quando o mesmo motivo do selo for espalhado, de forma a aparecer em mais de um selo (se-tenant), formando assim um panorama, o conjunto pode aparecer em um único cartão-postal. Entretanto, quanto um motivo estiver isolado em um dos selos do se-tenant, somente um dos selos, onde o motivo foi retratado, deve ser afixado no cartão-postal.

       Como deve ser o carimbo?

       O carimbo deve ser sempre nítido e em concordância com os demais elementos que compõem o máximo postal. Existem três grandes concordâncias: a concordância de motivo, a concordância de tempo (no caso do carimbo, este deve ter sua data dentro do prazo de validade de franquia do selo) e a concordância de local.

       Deve sempre haver concordância de local entre o carimbo e os demais elementos para se haver um máximo postal. Esta concordância é o item mais extenso nas Diretrizes para Avaliação das Exibições de Maximafilia e também o item que melhor permite ao colecionador estabelecer um acréscimo de qualidade aos máximos postais de sua coleção. Já um máximo postal sem concordância de local não pode ser considerado como tal; é apenas uma "lembrança filatélica".

       À regra existente de concordância do carimbo foi acrescentada a caracterização da qualidade do carimbo. De acordo com o artigo 3.3 do SREV, quanto mais próxima a conexão entre o tema e a figura e/ou texto do carimbo, melhor o máximo postal.

       E para personalidades, como estabelecer a concordância de local?

       Para personalidades, ficou mais claro como ter a concordância, dando destaque aos eventos que permeiam a vida de uma pessoa. Segundo o artigo 4.4 das Diretrizes para Avaliação das Exibições de Maximafilia (na concordância de local), quando o motivo é uma personalidade, o carimbo deve ser feito em um local em conexão com o evento que está no selo: nascimento, enterro, morte, trabalho ou aspecto de sua atividade, homenagem póstuma, etc. Quando o selo comemora explicitamente um destes eventos, o carimbo de onde o evento aconteceu é melhor.

       Por fim, como medir a raridade de um máximo postal?

       A raridade do máximo postal continua a depender da raridade de cada um dos seus 3 elementos de composição. Porém, ainda de acordo com o artigo 4.4 das Diretrizes para Avaliação das Exibições de Maximafilia (na concordância de tempo) foram estabelecidos critérios para definir a antiguidade de um máximo postal. A antiguidade é definida em três períodos:

         A) antes de 1946, data da primeira publicação de definição de um máximo postal;

         B) de 1946 a 1978;

         C) Depois de 1978, quando da adoção dos regulamentos de máximos postais pela FIP.

       E para encerrar, um conselho: prestem sempre atenção às regras, pois elas estão sempre em evolução. Até o momento, por exemplo, não há regras sobre máximos montados com selos personalizados...

       Referências:

       1) Agnaldo de Souza Gabriel, "O Segredo de Um Máximo Postal Bem Feito", revista Correio Filatélico - COFI, n° 210, pág. 20-22, Abril- Maio - Junho 2008;

       2) Federação Internacional de Filatelia - FIP, Diretrizes para Avaliação das Participações de Maximafilia em Exposições FIP, Málaga/Espanha, 2006, aprovada em Luxemburgo, 2007;

       3) Federação Internacional de Filatelia - FIP, Regulamento Especial para a Avaliação de Participações de Maximafilia, Málaga/Espanha, 2006, aprovado em Luxemburgo, 2007;

       4) Nicos Rangos, palestra "The Beautiful World of Maximaphily" (O Maravilhoso Mundo da Maximafilia), Bucareste/Romênia, 2008;

       5) Máximos postais do acervo do autor.

Nota colocada pela editoria do Boletim:

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