Recentemente, enquanto aguardava a chegada de meus colegas ao recinto da SOFICUR, descobri o livro "Máximo Postal esse desconhecido" de autoria de Raymundo Galvão de Queiroz
Lendo-o, achei o desenvolvimento do tema muito interessante ao mesmo tempo que verifiquei que contia muitas informações úteis para quem, como eu, procura entender com clareza as normas e regras que regem a confecção de Máximos Postais, com esclarecimentos mais detalhados do que as "frias" regras da FIP.
Nota: Aqui devo reiterar minha opinião pessoal de que, exceto quando se pensa em preparar material para expor competitivamente em Exposições Oficiais, é licito preparar os "máximos" de acordo com o que for possível alcançar. Mas o conhecimento pleno dessas regras nos permite fazer o melhor dentro das eventuais limitações.
Também verifiquei que qualquer parte da obra somente poderia ser reproduzida mediante autorização da Editoria, por escrito.
Na tentativa de conseguir uma "ponte" para a editora consultei amigos do Clube Virtual de Maximafilia e recebi preciosas informações do Aluisio Queiroga, inclusive a de que ele já escrevera dois artigos sobre os primeiros máximos postais do Brasil, ambos publicados no Boletim da AFNB, colocando os arquivos à minha disposição para reprodução nesta página.
Lendo às matérias enviadas, senti reforçada minha convicção de quanto é importante a disseminação de informações que nos permitam evoluir na gama de nossos conhecimentos, pois o que em um determinado momento pode parecer uma verdade absoluta, se submetido à divulgação abrangente, pode posteriormente ser objeto de modificação face o "feed-back" de novas informações.
A seguir, transcrição exata do texto dos dois artigos, sendo que não respeitei o lay-out da publicação no Boletim, e no caso de imagens, procurei colocar as que me foram enviadas à parte pelo Aluisio, coloridas. A imagem do selo RHM RE-68, foi substituida pela do selo RHM 69, gentilmente cedida pela Filatélica Olho de Boi, de Curitiba. A referência RE refere-se a reimpressões, de modo que parece-me não ser prejudicial a substituição. Contudo, mantive a descrição original do selo no artigo.
Por incentivo do amigo José Carlos Daltozo, de Martinópolis – SP, grande colecionador de cartões-postais, comparecei a uma reunião da Associação Filatélica e Numismática de Brasília - AFNB, decidido a tornar-me sócio dessa conceituada entidade. Era 19 de abril de 2008, um sábado. Por uma agradável coincidência, nesse dia a AFNB comemorava 13 anos de existência e a reunião transcorreu num clima festivo, agradável e acolhedor. Fui muito bem recebido pelo presidente da Associação, Cleber Coimbra e pelos associados presentes que manifestaram imediato apoio ao meu objetivo de deixar de ser um ‘ajuntador” de cartões-postais para ser, efetivamente, um colecionador. Associei-me e passei a freqüentar as reuniões semanais, sempre muito produtivas. Interessei-me pela Maximafilia. Para quem, como eu, é apaixonado por selos e cartões-postais, a preparação de um máximo-postal é algo muito prazeroso, pois a perfeita concordância entre o cartão-postal, o selo, e o carimbo resulta numa peça de beleza incomparável e grande significado.
Recebendo sempre o incentivo de Pedro Mattoso, grande amigo e cartofilista, e também Cleber Coimbra e Maurílio Batista, ex-Diretor de Acervo da AFNB, me dediquei ao estudo da obra deixada por Raymundo Galvão de Queiroz, pesquisador, eminente filatelista e fundador da SOMBRA – Sociedade de Maximafilia Brasileira. A leitura de um interessante artigo do Prof. Galvão de Queiroz, intitulado “O Primeiro Máximo Postal Brasileiro” publicado na Revista COFI – Correio Filatélico, Nº 173, Ano 22, Set. 1998, pag. 25, permite concluir que o próximo dia 25 de outubro de 2008 vem marcar os cem anos do primeiro máximo postal brasileiro. Sim, porque no referido artigo o autor assim escreve:
“Realmente, ao apreciarmos uma coleção de antigos postais referentes à Exposição de 1908, realizada no Rio de Janeiro, de propriedade de Luiz Gonzaga Borba, presidente da Associação Filatélica e Numismática de Brasília, deparamos com uma peça que consideramos seja o primeiro máximo postal autêntico, preparado no Brasil e que foi gentilmente oferecido pelo proprietário.
Trata-se de um Bilhete Postal, fabricação de A. Ribeiro, do Rio de Janeiro, postado na então Capital Federal, no dia 25 de outubro de 1908, e com carimbo de recepção da 4ª Sec, manhã, da Bahia. Do lado da ilustração, uma vista do Morro da Glória e Entrada da Barra, vendo-se ao fundo o Pão de Açúcar. O selo aplicado na parte inferior do lado direito, é um exemplar de 50 réis, da série Madrugada Republicana com a imagem, também, do Pão de Açúcar.
Desse modo, até ao aparecimento de uma peça tão perfeita, capaz de preencher os rígido ditames constantes das Diretrizes estabelecidas pela FIP, em 1980, estamos a considerar ser este, de fato, o primeiro máximo postal preparado no Brasil”.
Assim, comemoremos, com grande alegria e entusiasmo, o centenário do primeiro máximo postal brasileiro, almejando que a nossa Maximafilia seja cada vez mais difundida e volte a ser destaque no cenário do colecionismo nacional.
No boletim nº 60 da AFNB foi publicado artigo de minha autoria, sob o título “Cem Anos do primeiro Máximo Postal brasileiro”. Nele eu narrei meu ingresso no clube, a recepetividade encontrada, o entusiasmo pela Maximafilia e o estudo da obra do saudoso Raymundo Galvão de Queiroz.
Fundado exatamente em trabalho daquele dedicado filatelista e maximafilista, publicado no “Correio Filatélico” – COFI nº 173, de Setembro de 1998, é que desenvolvi o artigo divulgado, transcrevendo, inclusive, o trecho final que apontava um Bilhete Postal postado no Rio de Janeiro em 25 de outubro de 1908 (com o selo da série Madrugada Republicana que mostra o Pão de Açúcar), como sendo o primeiro Máximo Postal do Brasil.
Posteriormente fui alertado pelo amigo Pedro Mattoso de que recebera ponderação do consagrado colecionador e estudioso Elysio Belchior, integrante da Associação de Cartofilia do Rio de Janeiro, no sentido de que existiriam peças anteriores àquela de 25 de outubro de 1908.
Tive oportunidade de examinar fotocópias, enviadas pelo professor Elysio Belchior, de bilhetes postais com vistas para o Pão de Açúcar, selos da Madrugada Republicana e carimbos de postagem no Rio de Janeiro datados de 3.10.1903, 28.06.1904, 12.7.1904 e 13.09.1904. Consideradas tais peças o centenário de primeiro máximo postal brasileiro retroagiria à data anterior a 25.10.2008. Um dos encantos do colecionismo é a descoberta de elementos inéditos que propiciam acréscimo de conhecimentos. Daí a pertinência das sábias considerações de Raymundo Galvão de Queiroz, no trabalho supra aludido, ressaltando:
“O estudioso que, revestido de ânimo, disposição e talento, decidir pelo levantamento da verdadeira história da Maximafilia brasileira terá, sem dúvida, de mergulhar em três momentos diferentes da vida nacional, tanto o político quanto o social e o econômico.
São momentos distantes um do outro, separados por longos período, cada qual revestido de características próprias e que, por isso mesmo, tiveram reflexos desiguais nos processos de criação artística, em cujo contexto a Maximafilia está indelével e profundamente ligada.”
A seguir Galvão menciona o panorama dos anos 30, com invulgar atuação do paraibano A. P. Figueiredo, na fase áurea do T.C.V. (Timbre Côtee Vue) ou seja, com o cartão-postal que trazia o selo do lado da figura (anverso) e observação no local que corresponderia ao selo. No T.C.V. já existiam os três elementos que constituem um postal máximo, mas a concordância perfeita limitava-se a dois dos elementos: o motivo do postal e o carimbo da mesma localidade.
Reporta, depois, nas décadas de 40 e 50, a contribuição de grandes figuras da Filatelia nacional, dentre elas os irmãos Euclydes e Mirabeau Pontes, Greenhalg Faria Braga, Alfredo Pereira Passos e outros, muito embora várias das peças então criadas, até mesmo pela inexistência de regulamentação pertinente, viessem a sofrer restrições, por não se harmonizarem com as diretrizes fixadas pela FIP em 1980. Dotadas das concordâncias de tempo, lugar e assunto, pecavam pelo reduzido tamanho do postal, de área inferior a 75% para ocupação da figura, etc.
Em seguida aborda o período posterior a 1979, com a criação da Sociedade de Maximafilia Brasileira, asseverando:
“Ao final das pesquisas que, a nosso ver, deverão ser feitas com maior profundidade, defrontar-se-á o pesquisador, inexoravelmente, com a grande indagação: quando e onde foi elaborado o primeiro máximo postal brasileiro? Evidentemente que não aquele desprovido das características próprias do autêntico. Já se disse e o conceito vem sendo costumeiramente repetido, que é preciso procurar a origem da Maximafilia na Cartofilia (coleção de cartões-postais ilustrados).”
Convém recordar, neste passo, que os selos conhecidos como “Madrugada Republicana”, que mostra o Pão de Açúcar, tiveram a primeira emissão em 20 de setembro de 1894, seguindo-se outras até 1897, 1900, 1902/1905 e 1906, conforme consignado no Catálogo RHM. Destaque-se, outrossim, que o Pão de Açúcar aparece, pela primeira vez, no selo de 1$000, emitido no período de 1884/1888.
Sendo assim, torna-se viável que também possam surgir máximos postais anteriores a 1903, posto que disponíveis bilhetes postais com vistas do Pão de Açúcar no início do século XX e talvez mesmo no final do Século XIX, com o carimbo de origem na cidade do Rio de Janeiro. É hipótese que não deve ser desprezada.
Agradecemos a contribuição do mestre Elysio Belchior e alteramos a denominação do nosso artigo para “Os primeiros máximos postais do Brasil”.