Recentemente fui procurado por uma Agência internacional de pesquisas para na qualidade de expositor do tema “Futebol” conceder uma entrevista gravada especialmente sobre os recentes selos emitidos pelo Brasil sobre a Copa 2014.
Inicialmente temos a dizer que os selos emitidos se constituem numa obra de arte.
Apesar da Reunião filatélica anual com a participação de filatelistas, na hora da produção do evento escolhido e independente da vontade dos colecionadores, o nosso fornecedor oficial escolhe o artista que quer e esse artista produz a sua obra de arte como quer e do jeito ele quer.
É um direito do artista e temos que respeitá-lo.
O que ocorre, porém, é que essa obra de arte nem sempre é do agrado dos filatelistas e dos colecionadores, especialmente os temáticos e os maximafilistas.
Por quê? Perguntaram-me. São feios? Não são bonitos?
Não. Simplesmente eles não são do agrado porque são de difícil identificação. São obras de arte espontânea e criativa, quase sem nenhum compromisso com a realidade. Quando um artista estiliza demasiadamente e até deforma, por exemplo, um estádio de futebol que por si só já é uma obra de arte, esse estádio já não é aquele e sim qualquer um. Fica descaracterizado.
Para os maximafilistas isso já é um fator complicativo porque o suporte, o cartão postal que geralmente é uma foto, representa “aquele” Estádio e não um estádio qualquer.
Para o temático, que quer exibir em sua coleção “aquele” estádio, fica a pergunta:
Mas aquele desenho representa o estádio que eu desejo?
Obviamente não.
Então ele não colocará em sua coleção esse selo para representar “aquele” estádio e sim um outro selo que o represente de forma mais fiel possível da realidade.
No presente caso, nessa emissão sobre os cartazes, o artista produziu estilizações, o que é muito comum em cartazes, inclusive os de Copa do Mundo.
Os temáticos de Copa podem incluir a série para demonstrar os cartazes, no caso, miniaturizados e transformados em selo.
Fotografia ou desenho? Eu diria que ambos serão bem aceitos.
E as obras de arte?
Bem, como já disse, são obras de arte. Melhor caberiam numa coleção mais cultural, sobre pinturas, por exemplo, mas não muito numa coleção esportiva. Para os tradicionais, tanto faz, não há o que fazer senão colecionar os selos emitidos.
Lembrei-me então da emissão dos 450 anos da Fundação de São Paulo que todos conhecem, entregue ao consagrado brasileiro Romero Britto, convidado pela ONU para desenhar os selos da Olimpíada de Pequim.
Os desenhos representam São Paulo? Uma rua asfaltada lembra São Paulo? Uma moça sorridente também?
Pode ser e pode não ser. Fiquemos então com a moça sorridente com o rosto amarelo e roxo e com a rua asfaltada que podem estar em qualquer lugar do mundo inclusive no Brasil.
Contentemo-nos então com a chuteira sem cadarço, com a bola sendo furada, com o pinheiro “big brother” e com outros devaneios mais que muito provavelmente não vão valorizar nunca e que também não vão contribuir muito para nossas coleções temáticas e maximafilisticas.
Lembremo-nos então, simplesmente, que são obras de arte.